24.1.14

Quando? (I)


- Eu não sei por que eu vim.
- Você veio porque é minha amiga, e eu precisava de você aqui.
- Rebeca...
- Não, Ana. Não quero escutar nada do que você tem a dizer. Não agora.
- Foi um erro, sabe?
- Vir ao meu casamento foi um erro? Muito obrigada.
- Não, Rebeca. Você entendeu.
- Não entendi nada. Você é minha amiga, Ana! Sua relação com o meu irmão não deu certo, mas a nossa amizade continua, certo? Você me magoa falando assim.
- Desculpa, Beca - Ana deu um abraço na amiga. - Você tem razão. Foi bom compartilhar esse momento com você.
- Foi? Você já vai embora?
- Meu voo é amanhã de manhã  - Ana murmurou.
- Mal podia esperar para fugir daqui, não é?
Ana sorriu e seu olhar voltou a pousar em Rodrigo.
- Ele está feliz, não está? - Ana falou tão baixinho que a amiga precisou se aproximar mais para ouvi-la.
- Você sabe como ele é: não demonstra muita coisa. Mas sim. Ele está bem.
- Que bom.
- No fundo você queria que fosse diferente, não é?
- Diferente? - Ana franziu as sobrancelhas e voltou a olhar para Rebeca.
- Você queria que ele estivesse... arrependido.
Ana mordeu o lábio e pensou por um segundo, seu olhar passeando pelo salão. Os amigos do noivo tentavam arrancar sua gravata para iniciarem algum tipo de brincadeira.
- Talvez.
- Eu acho que um pouco de arrependimento sempre existe - Rebeca deu de ombros.
- Não nesse caso, Beca. Ele terminou comigo para que eu pudesse aceitar esse emprego na Argentina e não olhou para trás. Nem uma vez. Já se passou quase um ano.
- Tudo isso, é? E você não encontrou outra pessoa? Dizem que os argentinos são um pouco convencidos, mas...
- Isso é eufemismo, amiga - Ana riu. - O país inteiro parece ser de Leão.
- Ninguém mesmo?
Ana sacudiu a cabeça em negação e suspirou.
- Dizem que toda mulher tem aquele cara que a destrói para os outros. Acho que seu irmão é a minha prova de que isso é verdade.


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