De reconciliações.

- O que é isso na minha cozinha?! - ela praticamente gritou ao entrar em casa.

- Sua? - questionou Gustavo, erguendo uma sobrancelha e tentando evitar um sorriso.

- Sim, minha! Não é por morarmos juntos que você tem o direito de bagunçar tudo dentro dos meus domínios - Aila jogou as chaves sobre a mesa e tirou o casaco, colocando-o no encosto de uma das cadeiras.
- Prometo limpar tudo depois - ele sorriu então.

- Se você diz, tudo bem - ela deu de ombros, aproximando-se.

- Não vai me dar um beijo?

- Um? Ok - beijaram-se. O mundo não explodiu nem o tempo parou. Mas pareceu certo. Pareceu mais do que certo.

- Como foi o seu dia? - Aila enrolou as mangas da blusa até os cotovelos e apoiou o quadril na pia, observando-o cozinhar.

- Bom. Atendi àquelas trigêmeas de novo, lembra delas? Hoje foi a primeira consulta de acompanhamento.

- Elas estão bem? - Aila perguntou ao mesmo tempo em que roubava um pedaço de queijo da tábua de corte.

- Ótimas! Na verdade, a mãe é quem pareceu bem próxima de um surto nervoso.

- Imagine só, três bebês de uma vez! Eu ficaria meio louca já na hora em que recebesse a notícia - Gustavo riu, encarando-a por alguns segundos antes de voltar a atenção para a panela.

- Você é mais forte do que pensa.

- Se você diz - Aila repetiu, brincando. - Mas, me diz, porque o jantar especial?

- Quis te fazer um agrado. Principalmente depois da nossa discussão de ontem.

- Mmm. Lembre-me de discutir com você mais vezes, ok? Esse cheiro está divino!

- Espero que o gosto esteja ainda melhor. Ah, quase me esqueço, seu pai ligou há pouco.

- Então, vamos fazer assim: vou retornar a ligação dele e depois vamos ter a nossa festinha de reconciliação, tá? - Aila deu em Gustavo um abraço bem apertado e sorriu quando ele a puxou para um beijo que deixou a ambos sem fôlego. Dessa vez, o mundo até pareceu diferente por alguns minutos.

- Amo você - ele sussurrou.

- E eu você.

If I could light the world, we could sit and watch it burn.