27.7.12

Um pouco de sorte.




- Senti sua falta.
As letras brilhavam nítidas no visor do celular e ainda assim era difícil de acreditar. Ela resolveu deixar o aparelho por perto, mas não respondeu.
- Sete minutos e vinte segundos agora. Não vai mesmo me responder?
Dessa vez, ela observou as palavras por tanto tempo que sentiu os olhos embaçados. Respirou fundo, quis responder, mas as lembranças de uma porta se fechando com força e as imagens dela mesma caminhando para fora da vida dele a impediram.

9.7.12

Das mentiras necessárias.



Nina estava tentando abrir a porta do carro e ao mesmo tempo impedir suas compras de caírem, quando escutou alguém a chamando.
– Marina! Ei, me deixe te ajudar com isso.
Enquanto ele abria facilmente a porta do carona e colocava as sacolas dentro do veículo, Nina nervosamente enrolou seu rabo-de-cavalo em um coque frouxo. Não sabia bem o que lhe acontecia sempre que ficava tão próxima a Nicolas, mas não era algo agradável de se sentir.
– Pronto – ele anunciou, fechando a porta com segurança e voltando a encará-la.

6.7.12

Do amor que se sabe morto.



- Você vai cantar hoje e não se fala mais nisso!
- Não estou no clima - protestei, mas fracamente.
- Quem canta seus males espanta, não é?
- Nem sempre.
- Escuta todo esse povo que vai lá na frente...
- Estou escutando.
- Escuta de verdade! Olha só pra banda. Os caras ficam até desanimados com tanta desafinação junta.
- Terei que ser a responsável por salvá-los?