18.9.11

Escolhas de solidão.



Meu celular começou a tocar quando eu já estava deitada, quase dormindo. Pensei em deixar pra lá, mas poderia ser alguém querendo me avisar de alguma mudança repentina nos planos do dia seguinte.
Enquanto me erguia da cama e me arrastava até a bolsa, que estava jogada no piso diante da porta do banheiro, percebi que estava perdida no tempo. Não sabia nem que dia da semana era e tive que me esforçar pra me lembrar em que país estava daquela vez.

16.9.11

Doce vingança.



- Acho que temos um problema - ela murmurou com o sorriso doce dando lugar a uma expressão preocupada.
- Que tipo de problema? - ele indagou já apavorado.
- Um bem grave, devo dizer - respondeu, olhando para os botões a sua frente como se nunca os tivesse visto antes.
- E você sabe resolver esse problema? - a voz dele soava ainda mais alta nos fones. Ana mal conseguia conter o riso.

15.9.11

Uma história sem fim.



Maridos e esposas, pais e filhos, mães e filhas, irmãos e irmãs... Para cada rosto, uma vida. Para cada olhar desesperadamente fixo, uma história... Era quase absurdo estar ali parada e ter consigo a certeza de que, para cada sorriso estampado daqueles que se foram, milhares de lágrimas caíam dos olhos daqueles que ainda permaneciam. Como ela.

6.9.11

So blue.



No dia marcado, ela mal conseguia conter a ansiedade. Ele certamente estaria lindo, com seu sorriso de Jason Statham mais brilhante que nunca. Da janela, ela cantarolava sua música favorita e observava as pessoas conversando baixinho. O quintal estava todo enfeitado com fitas e flores. O céu estava ensolaradamente lindo e os convidados, perfeitamente vestidos, ansiavam pelo grande momento. Em um canto, o enorme bolo lilás e branco aguardava o instante exato para ser cortado. As cadeiras brancas faziam jogo com o tapete vermelho, especialmente posicionado para receber os noivos. Tudo parecia perfeito.

5.9.11

Aquele amor de outono.



Ela era uma daquelas malucas por controle. Odiava roupa amassada, cabelo despenteado, amor desencontrado. Costumava pensar que jamais teria alguém pra chamar de seu, que nunca seria o ela das conversas de um cara.
Viajava para praias no verão, montanhas no inverno e lugar nenhum na primavera. A mesma rotina, ano após ano. Sequer prestava maior atenção àqueles três meses de clima ameno e folhas douradas que insistiam em dançar ao sabor do vento.

3.9.11

Inocente até que se prove o contrário.


Para ele, era fácil escrever o amor. Cada palavra, cada pensamento e cada diálogo eram exatamente como ele desejava que fossem. Sua mão tocava a caneta, e tudo passava a ser permitido. Naquele mundo de papel, imperfeições não duravam para sempre. Ali, ele conseguia pôr ordem onde o caos era a lei predominante.

2.9.11

Ao Barry.


(Originalmente postado em 08/01/11)
- O que você está fazendo aqui?
- Ok, esse foi um excelente começo - ela resmungou alto o suficiente para que ele ouvisse.
Ainda parado diante da porta aberta, com uma mão na maçaneta e a outra segurando as chaves que estava prestes a lançar sobre a mesa, ele olhava para ela como se algo de muito errado estivesse se passando no pequeno apartamento. E, ironicamente, estava.

1.9.11

Tudo sobre estradas.



É setembro. Parece que ainda ontem era janeiro, mas já é setembro. O último mês do inverno e o primeiro da primavera. Veja como as coisas estão sempre começando e terminando, em uma confusão sem fim, independente de você, independente de suas perdas ou vitórias. O mundo apenas segue em frente, desejando que você possa acompanhá-lo, mas sem se preocupar em olhar para trás.