10.4.11

Epifania.



- Dá pra acreditar que você vai estar casada daqui a alguns minutos?
- A verdade? Não. - Ela se sentou na beira da cama, tomando cuidando com o vestido branco que usava. - E ele... Não consigo acreditar que ele está me esperando na igreja, nesse exato instante. É tudo tão novo, mas sólido ao mesmo tempo... É... - Ela riu baixo e devagar. O que falava já não fazia o menor sentido. Mas sua amiga sorriu e seus olhos demonstraram compreensão.
- Eu entendo. - murmurou. - Aconteceu o mesmo comigo.
- Quem seria capaz de dizer que nós quatro seríamos amigos por tanto tempo?
- Ninguém seria capaz de apostar um centavo em que sequer superaríamos o colegial... Imagine dois casamentos!
- Mas você teve mais sorte. Você sempre soube que o amava.
- E ele também, você sabe, sempre me amou.
- Não precisa jogar na cara - ambas riram. - A minha história demorou muito mais pra acontecer, mas o que importa é que está acontecendo. Tal como eu sempre sonhei.
- Ele é muito importante, não é?
- Muito. Ele... Sabe quando você lê o pensamento da outra pessoa só de olhar pra ela? Quando ela está a quilômetros de distância, e ainda assim você a sente perto? Quando você adora cada pequeno defeito irritante e cada briga?
- E cada reconciliação...
- E cada reconciliação, sim. E todo sorriso... E ele tem milhares de sorrisos. O sorriso educado, um sorriso pra quando é apresentando a alguém pela primeira vez, um sorriso para as crianças, o sorriso malicioso e aquele que ele dá quando eu o irrito com minhas "coisas de mulherzinha".
- É esse que você mais adora, aposto.
- Poderia ser... Se ele não tivesse também aquele sorriso torto de "bom dia" que é só pra mim. Aquele em que as covinhas dos dois lados da boca ficam aparentes.
- Ele só tem uma covinha.
- Não, ele tem duas. Mas ele só sorri assim pra mim. Por isso você nunca viu - ela riu e se levantou, decidida a encerrar a conversa e ir enfim para o próprio casamento.
- Que romântico.
- É - ela suspirou. - Quando eu o vi com esse sorriso no rosto pela primeira vez... Eu soube que era especial entre a gente.
- Um sorriso e tudo mudou.
- Sim. Minha vida inteira mudou depois de um só sorriso.
- Credo, que conversa brega! - a amiga exclamou depois de um silêncio de total entendimento.
As duas amigas riram mais uma vez e logo se encaminharam para a igreja no centro da cidade. Chegando lá, após alguns minutos de expectativa, a noiva entrou no local com passos lentos e um olhar que parecia procurar por algo. Logo que encontrou o olhar dele, lá distante, sorriu, sentindo-se mais feliz do que nunca antes estivera. Precisou segurar as lágrimas. Esperando por ela no altar, ele sorria. E era o sorriso dela.

Um comentário:

  1. Suspirei. Meu coração bateu juntinho com esse texto, e alguma coisa dentro de mim ficou gritando "Tem que ser assim comigo!" o tempo todo.
    Adoro essa sensação de "é de verdade" que suas letras me dão, Bru. A-DO-RO.

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